Com certeza, fostes o berço da humanidade,
Em minhas veias, ainda corre o teu sangue.
Teus filhos foram arrancados com maldades
E ainda o teu rico solo é regado com sangue.
Tuas raízes históricas são ricas e milenares,
Da humanidade, és patrimônio rico e natural,
Pelas tuas diversidades culturais e valores,
Há a cobiça do capitalismo descomunal.
És negra e original na riqueza da tua pele,
E os teus filhos ainda lutam pela liberdade,
Repudiando o capitalismo sujo da maldade.
Mãe negra, dividida e palco de exploração,
És rica não precisando de ofertas e esmolas,
Por direito e justiça é necessário reparação.
de Everaldo Cerqueira
Salvador - BA -
Disponível em: http://www.pucrs.br/mj/poema-negro-30.php
Acessado em 10 de outubro de 2011 às 16:38
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Histórias de vida: A identidade na Educação de Jovens e Adultos
Para se tratar da questão da educação de jovens e adultos no Brasil, é preciso considerar que esta é diretamente ligada aos movimentos sociais e que abrange pessoas geralmente marcadas por algum tipo de exclusão. Por isso, a educação não pode se restringir à alfabetização e sim deve ser contextualizada. Não podemos deixar de trazer a importância das histórias de vida para a construção do conhecimento desses sujeitos, que só será um conhecimento significativo, se eles puderem estabelecer relações concretas dos conteúdos oferecidos com a realidade em que vivem.
Essas histórias de vida, além de revelar a identidade destas pessoas, (pertencimento) lhes possibilitam trazer, através de suas memórias e vivências, conhecimentos que serão analisados, criticados e reconstruídos no coletivo. Assim, com a valorização de seus saberes atrelados aos contextos históricos, vivenciarão novas situações, tornando-se pessoas conscientes, críticas e capazes de se perceber como participantes ativos neste processo de construção, que terá realmente significado, uma vez que evidencia e busca a resolução de problemas diretamente relacionados ao seu próprio cotidiano. Também precisa ser levado em conta que cada uma destas pessoas é única, com características próprias e que viveram realidades diferentes.
Conhecendo dados pessoais dos alunos, como nome, gênero, raça, origem, filiação, classe social da qual vieram, e outros, o professor pode usar isso como fonte de palavras que realmente despertem o interesse deles, facilitando a relação que farão com todos os outros contextos.
Um exemplo disso é o professor iniciar numa classe de jovens e adultos, usando o próprio nome dos alunos para atividades simples, visto que para eles, escrever o nome é a conquista principal neste momento.
Nessa construção, é relevante que haja interação entre professor e alunos, numa relação de diálogo e de troca de experiências que criarão um ambiente propício à compreensão do processo educativo. E certamente estes alunos conseguirão, a partir da compreensão de suas realidades concretas, construírem novas histórias como sujeitos autônomos e conscientes.
Dessa forma, podemos entender as Histórias de vida na EJA como um recurso necessário e de muita relevância neste processo, pois estas conseguem trazer os alunos para dentro do contexto da Educação, sem que percam sua identidade.
Paulina Silveira e Thalita Jenifer
Entrevista
Pensar nas pessoas que passaram por situações de exclusão nos levam a pensar na sociedade em que vivemos e o que estamos fazendo para que a mesma seja mais justa e digna de todos. e pensar em tais mudanças não está ligado simplesmente a cumprir as leis que garantem o direito a educação, moradia, enfim, vai muito além requer que pensemos em nossas proprias práticas e atitudes, e em como estamos atuando para a transformação e reconstrução de novos cidadões que precisam enxergar o mundo além dos seus pré-conceitos.
Com este assunto a ser discutido, um meio que encontrei para levar às pessoas a reflexão,foi uma entrevista que nos mostra como a sociedade exerce suas formas de exclusão.
Esta entrevista foi realizada com a aluna do curso de pedagogia Paulina SIlveira, de 47 anos, nascida na cidade de Porteirinha (MG), na qual nos relata suas dificuldades e superações para vencer uma sociedade excludente.
Esta entrevista foi realizada com a aluna do curso de pedagogia Paulina SIlveira, de 47 anos, nascida na cidade de Porteirinha (MG), na qual nos relata suas dificuldades e superações para vencer uma sociedade excludente.
Glenda Santana
Glenda - Como começou a sua alfabetização?
Paulina - Eu nasci no campo e numa família muito pobre. Lá não tinha escola. Ninguém estudava e isso era normal. A única coisa que aprendi antes dos 10 anos, foi o bê a bá que meu avô quase cantando, passava para os homens lá da roça. Mulher e criança não podiam aprender.
Glenda - Seu avô tinha algum estudo?
Paulina - Não. Ele ouviu o bê a BA de outra pessoa e somente repetia, assim como todas as outras coisas que eram passadas de geração a geração. Acho que as letras nem tinham significado para ele.
Glenda - Quando você começou a ir à escola? Qual a lembrança que tem deste período?
Paulina - Isso foi quando eu tinha 10 anos. Por causa de várias dificuldades da vida lá no campo, nos mudamos para uma pequena cidade, onde comecei a estudar. Sofri vários tipos de preconceitos. Primeiro, por ser a aluna mais velha da turma. Depois, por ser uma “caipira”, como era chamada por todos na escola. Também era muito pobre e de uma família de muitos filhos.
Glenda - Esses preconceitos dos quais sofreu dificultaram sua aprendizagem?
Paulina - Por incrível que pareça, eu era tão simplória que nem me importava muito com tudo isso. Mesmo porque eu tinha muita vontade de aprender as coisas novas que os professores ensinavam, e mesmo não sabendo o porquê de decorar tantas coisas, eu me sentia encantada pela escola.
Glenda - Desde que começou a estudar, quais os tipos de dificuldade que teve?
Paulina - Bom, por pertencer a um grupo de exclusão, tive todos os tipos de dificuldades possíveis. Principalmente porque consegui por intermédio da ajuda de pessoas generosas, estudar sempre em boas escolas. Então eu fazia parte dos poucos alunos mal vestidos( segundo o padrão da maioria dos alunos),dos poucos que tomavam merenda escolar, não podia comprar material escolar e usava o que a escola fornecia. Enfim, era difícil, mas nunca me deixei abalar por estas coisas.
Glenda - Por que você decidiu fazer o ensino superior?
Paulina -Na verdade, antes não tive oportunidade. Quando terminei o ensino médio, eu até entrei na universidade, mas não consegui continuar porque meus pais passavam muita dificuldade financeira e eu precisava trabalhar pra ajudar em casa. Mesmo trabalhando em período integral e dando 100% do meu salário em casa, ainda passávamos muitas privações.
Glenda - Ao se declarar de um grupo de exclusão, você acredita que essas pessoas possam ser incluídas na sociedade?
Paulina - Claro que sim. Elas não só podem como têm esse direito.
A partir da escola, construindo-se um currículo onde as metodologias de ensino considerem essas pessoas como participantes de todo o processo construtivo, e levar em conta seus saberes e sua cultura.
Glenda - Hoje você está no processo de formação para pedagoga. Isso proporcionou alguma mudança significativa na sua situação de exclusão?
Paulina - Certamente o conhecimento é algo que liberta. Ao passo que vamos construindo esse conhecimento descobrimos muitas verdades sobre nossas possibilidades de mudança de consciência e de postura. Porém se meu povo ainda é excluído, é assim que me sinto. Apenas não me conformo com isso. Acredito que como o conhecimento não termina nunca, assim também não termina nossa busca por um mundo mais justo, onde os direitos de todos sejam igualmente respeitados.
Alargando minhas fronteiras
Negaram- me o direito ao sonho, à esperança, e à vida.
Impuseram-me tantos limites, que me reduziram a ninguém.
Eu senti que existia, que sonhava, mas que nada!
Calaram a minha voz, e eu muda, estava anulada.
Sentir também não podia
Então construíram muros altos, fortes, imponentes
Isolaram- me junto com a minha mente, por causa da minha ignorância
Falhos de sabedoria.
Ignorada eu estava, ignorantes me viam.
Mas afinal o que lhes cabiam eram as vestes da arrogância.
Não tive medo, me ergui, fazia questão de mim.
E assim de pedra em pedra,
Os muros desconstruí.
Fui reconquistar meus sonhos,
Minha vida exigi!
Busquei à minha maneira,
Desconsiderei as barreiras,
Não me acovardei, venci
Alarguei minhas fronteiras...
Paulina Silveira
Essas mulheres
Mulheres que fazem a história e transformam , com lutas e conquistas, batalhas que não tem fim; a busca da dignidade, do fino caráter, da força da feminilidade, frágeis, porém determinadas.
Somos:
mães, por vezes pais;
domésticas que zelam por outros lares para manter o proprio;
professoras;
poetas;
mestres de obra;
donas do lar, enfim profissionais das mais diversas áreas e; até comandantes de uma nação, sim está no plural pois as mulheres por vezes se identificam umas com as outras.
E a razão do comando não está só, mas encontra a emoção firme e equilibrada, junto com uma maturidade conquistada pelas experiências que a vida proporciona que diz não ao comodismo.
Acreditamos na conquista, na experiência, no crescimento.
A história é a existência da memória, testemunho vivo e real, ontem, hoje e amanhã.
Essas mulheres existem e deixarão um legado a ser seguido e darão pulso ao curso da vida.
Somos essas mulheres.
Keila Soares
Somos:
mães, por vezes pais;
domésticas que zelam por outros lares para manter o proprio;
professoras;
poetas;
mestres de obra;
donas do lar, enfim profissionais das mais diversas áreas e; até comandantes de uma nação, sim está no plural pois as mulheres por vezes se identificam umas com as outras.
E a razão do comando não está só, mas encontra a emoção firme e equilibrada, junto com uma maturidade conquistada pelas experiências que a vida proporciona que diz não ao comodismo.
Acreditamos na conquista, na experiência, no crescimento.
A história é a existência da memória, testemunho vivo e real, ontem, hoje e amanhã.
Essas mulheres existem e deixarão um legado a ser seguido e darão pulso ao curso da vida.
Somos essas mulheres.
Keila Soares
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Como Nossos Pais - Elis Regina
Essa bela música nos faz refletir um pouco sobre como nossas ações hoje , contribuem para para a formação da história e a construção da mudança que estamos fazendo a todo momento na sociedade, pois todos temos uma carga histórica que carregamos conosco a vida toda , que vem de geração à geração.
O presente não é tão influenciado pelo passado, ao contrário do que muita gente pensa , o presente é o reflexo do passado mais as contribuições que fazemos no presente, é a curiosidade que temos hoje. que nos leva a questionar o passado e assim dar significado á ele, é o nosso questionamento, nossa ousadia que nos levará a transformação da história que contaremos aos nossos filhos e netos amanhã .
então , qual é a história que você quer deixar no mundo ?
Por Claudinéia Alves
"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo." (Nelson Mandela)
vilamulher.terra.com.br Acesso em Outubro de 2011
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